A Basílica de São Clemente em Roma, uma das 18 igrejas que se
sabe terem existido já no século
III. Está localizada na colina Célia. A basílica tem duas naves e um pátio
dianteiro com fonte.
Sob
o Papa Sirício, cujo pontificado
transcorreu de 384 a 399,
foi construída uma basílica sobre uma residência romana, dedicada a São Clemente (papa de 88 a 97), cujo pontificado foi o terceiro
depois de São Pedro. Destruída na
invasão normanda de 1084, os
restos podem ser vistos na igreja inferior, redescoberta apenas no século XIX.
Anos depois da destruição, mandou-se
construir um outro edifício, sob o papa Pascoal
II que governou a igreja de 1099 a 1118, sob terreno mais elevado.
Conhecida como igreja de cima ou superior, tem mosaicos na nave e caríssimos
pedaços de mármore, inseridos no piso por artistas de Cosmati. As colunas vem
de outras igrejas arruinadas, como era costume.
Rodeada
em três lados por um pórtico, o teto da nave principal é trabalho de Carlo Fontana (1713-1719) no estilo barroco. Foi
contratado pelo papa Clemente XI.
Deve-se ainda a Fontana a construção da fachada na Via di S. Giovanni in
Laterano.
São Clemente tem importância especial entre
as igrejas romanas por ser um edifício único, que mostra a sequência de épocas:
os visitantes encontram exemplos de arquitetura romana em três níveis, desde a
antiguidade clássica (e residência e o Mithraeum)
à era cristã primitiva (igreja inferior ou de baixo) até a Idade Média tardia
(a igreja superior ou de cima).
O Mithraeum e
o tesouro
Este Mithraeum se
alcança por uma escada que parte da nave esquerda da igreja inferior para a
residência romana. É a parte mais antiga, deve datar do século II ou III AD.
Era originalmente um santuário ao deus Mitra, cujo culto veio da Ásia
Central e no século III era dos mais importantes na cidade de Roma. Há um altar
no centro, bancos laterais, um relevo que mostra o deus matando o boi
primitivo, sacrifício que era repetido pelos fiéis num ato ritual - e subsiste
hoje nas touradas... Mitras enfia a adaga no touro, um cão e uma serpente
lambem o sangue que escorre, um escorpião morde as partes genitais do touro. O
deus Mitra tem a cabeça virada para o corvo que lhe traz a mensagem do deus-sol Hélio que
aparece no canto superior enquanto a deusa Lua ou Selene surge no canto
direito. Aparecem ainda duas divindades protetoras, Cautes e Cautofates, com
tochas que simbolizam o nascer do sol e o crepúsculo.
Na igreja
inferior há um tesouro de antiquíssimos afrescos, uma obra prima da pintura
romana. Os mais antigos, no vestíbulo, datam do século XI. Um representa «O corpo
de São Clemente levado do Vaticano para a igreja de S. Clemente» e o outro «O
Milagre no Túmulo de São Clemente». Segundo a lenda, o papa Clemente foi jogado
no Mar Negro com uma âncora amarrada aos pés. Os dois doadores do
afresco são Beno da Rapiza e Maria Macellaria, com seus filhos.
Há outras
pinturas e outro ciclo do século XI mostra a perseguição do santo pelo prefeito
Sizínio: os homens que o perseguem são cegados por Deus e agarram uma coluna,
em vez do santo. Quando tentam levá-la consigo, são interrompidos pelo prefeito
que grita: Fili dele pute, traite. A inscrição que lá se vê é um
dos mais antigos exemplares restantes da língua italiana ou volgare.
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